Com a proximidade do fim da vida útil do aterro, entidades do setor produtivo discutem soluções
No dia 20 de maio, o setor produtivo discutiu A “Vida útil do Aterro Sanitário e o futuro da destinação dos resíduos sólidos urbanos e da construção civil em Jaboticabal”. Essa foi uma iniciativa conjunta entre Associação Comercial, Industrial e Agronegócios de Jaboticabal, ACIAJA, Fórum de Entidades de Jaboticabal, FEJA, Ordem dos Advogados do Brasil (6ª Subseção de Jaboticabal), OAB, e Associação Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Jaboticabal, AREA. O debate contou com o apoio institucional da Prefeitura e Câmara Municipal. Teve a participação de técnicos, interessados diretos no setor e membros de entidades representativas.
Como é de conhecimento público, o Aterro Sanitário do município está próximo do seu esgotamento. Irá atingir a capacidade máxima de operação em três anos, o que é considerado um tempo bastante curto para a execução de projeto de ampliação ou para uma solução diferenciada na destinação adequada dos resíduos sólidos urbanos. Com a discussão, as entidades tiveram o objetivo de contribuir para a busca de caminhos que atendam às necessidades de Jaboticabal, de forma emergencial e também no médio e longo prazo.
A apresentação do conteúdo foi conduzida pelo Prof. Dr. Rudinei Toneto Junior, livre docente em Economia da Universidade de São Paulo, USP, e Fábio Marques, coordenador de Projetos Sólidos da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia, Fundace. Eles trouxeram uma visão técnica sobre o panorama geral de resíduos sólidos no Brasil, além de uma análise específica sobre o Aterro Sanitário de Jaboticabal.
“Eu destacaria que Jaboticabal já tem investimentos colocados. Existem já instalações e existe uma experiência com o aterro municipal. Há uma possibilidade de buscar a gestão integrada. Vocês já estão em uma condição de ‘financiabilidade’, com a taxa [do lixo] já aprovada. Jaboticabal está em uma posição favorável para avançar e adotar modelos de gestão mais ousados nessa área”, afirmou o Prof. Rudinei.
Para Fábio Marques, a tomada de decisão deve ocorrer muito em breve. “Jaboticabal tem um desafio pela frente e uma grande oportunidade. Está à frente de muito municípios, pois tem taxa, estrutura local implantada e tem engajamento. O que estamos fazendo hoje [com o fórum] é muito importante, envolvendo a sociedade e as entidades. É algo diferente e conta muito. O tema é urgente, estamos a três anos do final da vida útil do aterro, e a decisão tem que ser tomada em breve para não comprometer as finanças e a estrutura que Jaboticabal conseguiu fazer até hoje”, concluiu.
Avaliação da iniciativa
“Vejo com bons olhos e com o horizonte cada vez mais largo, a possibilidade de nós, não apenas resolvermos um problema de Jaboticabal, mas pensarmos também em nossa região que contempla praticamente 23 municípios no entorno da nossa cidade. Por que não dizer 44 municípios da região de Ribeirão Preto? Eu sei que é uma ousadia de minha parte dizer isso, mas precisamos pensar na possibilidade da resolução do problema para os próximos 50 anos. O que eu desejo é que este fórum seja para nós um marco inicial da solução para o problema ambiental que nos afeta há muitos anos. Certamente, apresentará os caminhos para as soluções dos problemas que temos e teremos daqui para frente.”
Emerson Camargo, Prefeito Municipal,
“Considero que foi excelente o fórum, principalmente em termos de conhecimento mais profundo sobre as diretrizes que o município pode ter daqui para frente. Tive a oportunidade de aprender muito com as explicações. Por exemplo, é claro o quanto hoje a produção de lixo em Jaboticabal pode e deve ser melhorada, tanto na reciclagem, como no reaproveitamento de materiais. Nosso aterro sanitário, hoje, precisa ser renovado, porque ele já está no seu limite. É importante que a sociedade também colabore, que separe o lixo orgânico do reciclável. Muitos munícipes já fazem isso, e é importante que cada vez mais pessoas se conscientizem desta necessidade.”
Renata Assirati, presidente da Câmara Municipal de Jaboticabal
“O que nós esperamos com este debate é buscar soluções para a ampliação do aterro e implantação de uma usina de reciclagem para a construção civil, o que promoveria o retorno desses resíduos como matéria-prima para a própria cidade. Pensando no futuro, essa discussão visa enxergar a cidade daqui 30, 40, 50 anos, com maturidade para a reciclagem, o reúso e a geração de empregos para os cidadãos jaboticabalenses.”
Arthur Guzzo, Presidente do FEJA
“É de grande importância um evento como esse realizado pela ACIAJA e instituições parceiras: FEJA, OAB e AREA. Demonstra nossa preocupação com a situação dos resíduos em nossa cidade e com o futuro do aterro sanitário. Nós nos unimos para debater o assunto e construir um caminho, visando soluções. Já começamos a colher resultados, tendo em vista iniciativas do SAAEJ e Prefeitura, sensibilizados com a questão. Nossas entidades são parte sensível, mas sabemos que a solução vem da Prefeitura e SAAEJ. A ACIAJA e instituições parceiras não possuem mecanismos para solucionar o problema do aterro, mas sim para buscar conhecimento e promover uma discussão técnica, que contribua com o governo municipal.”
Maurício Palazzo Barbosa, presidente da ACIAJA
Depois do evento, nossa reportagem conversou com Lucas Ramos, secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Jaboticabal. Ele disse que havia participado de diversas reuniões sobre o assunto, no governo municipal.
“Este é um tema extremamente importante, pois afeta o dia a dia da cidade. O prefeito ficou muito contente, pois a pauta sobre o aterro sanitário veio do setor produtivo. Estamos realizando um estudo de modelagem, que identifica a viabilidade econômica. O objetivo é realizar a concessão do aterro à iniciativa privada. O caixa do setor público não atende ao aterro no curto, médio ou longo prazo. Com esta modelagem, vamos saber os aportes que serão necessários e qual será a oportunidade para a concessão, que é uma unanimidade no governo municipal como solução para essa questão.”
Lucas Ramos, secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Jaboticabal